sábado, 26 de novembro de 2011

Mobilidade social no renascimento

DELUMEAU, Jean. Mobilidade social: ricos e pobres. In: A civilização do Renascimento. V.1. Lisboa: Estampa, 1994. p. 277-293

No humanismo vemos a concretização de dois aspectos paradoxais: a afirmação das individualidades nacionais e a intensificação entre países. Segundo o autor, podemos ver estas interpenetrações nos campos de arte e cultura, onde há uma mobilidade física, ou como o próprio Delumeau chama de mobilidade horizontal. As emigrações se davam por “n” motivos: terras postas em cultivo e menos povoadas; compras e vendas de terrenos; casamentos com mudança de domicílios; atração da cidade e do seu mercado de trabalho, etc.

Cabe-nos assim perguntar: Em que medida foi esta mobilidade horizontal acompanhada de uma mobilidade vertical? Pois é obvio que aquelas pessoas que saiam do campo esperavam por alguma ascensão social, e ela estava em alguns títulos: Igreja, bens fundiários, comércios, ofícios, emigração para as colônias. Entretanto, a massa de pobres continuou enorme.
Também é verdade que o Renascimento ficou assinalado por êxitos individuais espantosos, homens que pelo seu nascimento não daríamos nada por eles (Da Vinci, Erasmo, etc.). Também, certas famílias subiram e decaíram de forma espetacular. Houve nessa época uma grande redistribuição de fortuna. A classe média do séc. XVI que por um saber profissional e por instrução que tinham originaram os artistas e o próprio público. Isto é, os burgueses italianos e flamengos foram permeáveis aos valores estéticos e intelectuais antes mesmo dos príncipes e nobres, e o renascimento vem justamente para marcar o momento em que estes compreendem a lição que chega de baixo. Com o poder do dinheiro, eles coroavam os poetas em cerimônias, faziam encomendas aos artistas. Resultado, um meio social intermediário incapaz de definir-se como classe desejando não voltar o que era.  Para Boutruche, a burguesia foi um estádio de transição ou um mundo em reorganização, onde o renascimento confirma e reforçam as estruturas sócias anteriores, isto é, admite serem nobres só os que têm dinheiro. Assim, os recém-enobrecidos aceitaram os valores que não provinham da cavalaria (predileção pela cidade, desejo de instrução), mas da nobreza (gosto pela aparência, apego aos bens fundiários, desprezo pelo trabalho). Conclui-se que a nobreza se aburguesou menos e a burguesia se afidalgou mais.

A renovação da nobreza é algo que podemos acompanhar ao longo dos sécs. XIV a XVI: promoção social; credores ou conselheiros dos príncipes; compram senhorios; casam seus filhos na classe dos nobres; Luis XI declara nobre todos os que possuem feudos. Mas estes conhecem o esgotamento do seu inicial dinamismo por não estarem abrigados das variações das conjunturas, do empobrecimento ocasionado pelos gastos de guerra e das modificações políticas. Daí a necessidade de uma mobilidade vertical. Assim, o renascimento conduziu uma consolidação da nobreza, que era a hierarquia tradicional.

Os burgueses não conseguiram adquirir uma mentalidade de classe, pois os rendimentos constituíram um obstáculo importante, pois os ricos se tornavam cada vez mais ricos9 porque aumentaram seus rendimentos devido a extensão do comercio e da banca, por causa das propriedades do campo, ou de ambos) e os pobres ficavam mais pobres (vitimas da alta dos preços e do aumento exorbitante dos impostos). Há assim, um alargamento do fosso entre o rico e o pobre, que se dá nas minúcias coisas, que vão desde organizar as residências, as danças e o teatro até o vestuário e a moda. A moda, não só da qualidade dos tecidos, mas da forma do vestuário principalmente masculina, corresponderam à subida do ocidente referente ao oriente. Entretanto, a moda foi um dos prazeres de quem tinha tempo livre e dinheiro.
Como vemos no texto da Etiqueta no antigo regime, a burguesia tenta copiar o estilo nobre (de se vestir, de conversar, de comer), mas estes fazem de tudo para se diferenciarem dos demais. Assim, os burgueses fingiam ser nobre, por isso a dificuldade de tomarem para si a consciência de classe.      
Em suma, o cerne da questão que o autor nos propõe em seu texto, é que a classe media aumentou numericamente, mas não foi a cara do renascimento, este papel coube a aristocracia.

origem do capitalismo no oriente e ocidente


ANDERSON, Perry. Europa Oriental. In: Linhagens do Estado Absolutista. P. 195-235

Segundo Perry Anderson, devido à repressão dos senhores de terra contra os camponeses, no século XVI, surgiu o absolutismo no Leste. Diferentemente do absolutismo no Ocidente, onde o estado absolutista significou um aparelho recolocado de uma classe feudal para compensar a extinção da servidão, no contexto de um crescimento das cidades que esta classe não conseguiu controlar totalmente, o absolutismo no Leste, foi uma maquina repressiva violenta que supriu as propriedades comuns dos pobres para consolidar a servidão, num contexto de inexistência de cidades autônomas. Em outras palavras, o absolutismo no Leste, significou um novo mundo a ser implantado, de cima para baixo.

Anderson ressalta a idéia de que a luta de classes não é o bastante para explicar o surgimento de um tipo diferente de absolutismo, mas o primeiro passo é reinserir o processo da segunda servidão no sistema político internacional da Europa feudal, em sua ultima fase.
O absolutismo oriental é determinado por coações do sistema político internacional, no qual a nobreza estava integrada na nova burocracia (monarquia absoluta) por ela criada. Ao contrario do ocidente, no Leste, não houve venda de cargos e o serviço público era todo profissionalizado, inexistindo uma classe burguesa urbana, sem a necessidade então de ter um setor mercantil. E foi sobredeterminado por lutas de classes (a institucionalização da servidão e a inauguração do absolutismo estavam atreladas às formações sociais). O pacto feito entre monarquia e aristocracia, estabelecia o absolutismo em troca da servidão, acarretando o desaparecimento do sistema de Estados.
As cidades se revoltaram contra o aumento de preço das mercadorias devido ao aumento de impostos, mas rapidamente tais manifestações foram sufocadas.  A repressão maior se deu no campo, contra o campesinato, já que estava havendo uma crise de mão-de-obra, devido a guerras e desastres civis, cuja iniciativa da classe senhorial foi deter a mobilidade do camponês o prendendo às terras de acordo com a legislação senhorial, e não em tributá-los como no ocidente. A função do absolutismo era converter a teoria jurídica em pratica econômica, pois as jurisdições já não detinham tanta influência sendo necessário então de um aparelho centralizado e repressivo, para defender a nobreza feudal tanto dos rivais estrangeiros quanto dos camponeses do próprio oriente. Fala-se aí de uma nobreza de serviços, pois o entrosamento entre Estado e aristocracia era tão grande que os uniam por interesses comuns.

Ressalta também, um equivoco quando atribuímos o impacto da economia ocidental mais avançada sobre o Leste, como exclusiva ou principal responsável pela reação da classe senhorial. Para ele, está idéia é implausível, tanto dos vínculos econômicos de importação quanto de exportação, pois o investimento estrangeiro era mínimo e o comercio externo era em pequena porcentagem já que o sistema feudal era incapaz de criar um sistema econômico internacional unificado.
 Para Anderson, então, o impacto do Ocidente sobre o Oriente foi no setor político e não no econômico, já que o modo de produção era baseado na coerção extraeconômica (conquista) e não no comércio.  Isto é, a mediação entre eles, se dava pela pressão militar, onde o Leste fora forçado a adotar o absolutismo, faz-se necessário uma citação de Treitschke, que diz: “A Guerra é o pai da cultura e a mãe da criação”, pois toda a organização funcional estava interligada com os objetivos militares que correspondia com expansões e conquistas.  A ameaça militar do Ocidente sobre o Oriente foi indireta e transitória, e não podemos cometer o erro de pensarmos que o processo se deu da mesma forma e teve os mesmos resultados para todas as regiões do Leste. Pois a Suécia foi o flagelo do Leste (sendo um país recente, com população limitada e de economia rudimentar), que por meio das guerras impacta a Prússia, Polônia e a Rússia, sendo uma das maiores expansão militar do absolutismo Europeu.

Anderson descreve em cada área como se deu o absolutismo. Na Prússia, se deu devido à pressão da expansão sueca. Na Polônia, a Suécia também a invade, mas incapaz de se recuperar, pois a nobreza não conseguiu implantar o absolutismo já que lá havia ocorrido a maior insurreição camponesa da época - o levante ucraniano de 1648, que devido a uma mobilidade camponesa originou as massas rurais plebéias que eram capazes de organizar exércitos contra a aristocracia feudal, deixando assim, de existir como um Estado independente. Já na Rússia, o absolutismo ocorreu em detrimento de a nobreza já impulsionar para uma monarquia militar, já que os cavaleiros estavam incapacitados de realizarem conquistas, e para suportarem tal situação, centralizam o Estado. O momento de transição para o absolutismo ocorre paralelamente com a expansão sueca.

Na parte de seu texto intitulada “Nobreza e monarquia: a variante ocidental”, Anderson, quer investigar a nobreza de serviços. Ele atenta para 2 traços que afirmam falta de uma síntese feudal: o sistema de feudo nunca se estabeleceu(suserania não apareceu quando havia posse condicional da terra) , anulando as cidades e a redução do campesinato à servidão. Lembra-nos que, além disto, vale o caráter peculiar da nobreza que as realizou que assegurava a sua riqueza e poder na posse estável da terra, e não na permanência temporária no Estado.
No século XVIII o absolutismo estava no seu apogeu político, pois havia uma reconciliação entre monarquia e nobreza.   





Origem do capitalismo para alguns teoricos

Ellen Meiksins Wood. A origem do capitalismo. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2001, p.21-71

No texto, a autora Ellen Wood, demonstra as varias teorias que tendem a explicar a origem do capitalismo. Existem teorias muito entrelaçadas às idéias de que o capitalismo foi uma conseqüência natural e inevitável, ou da tendência social do homo economicus que era propenso a “comerciar, permutar e trocar” (Adam Smith).  E outras que afirmam o contrário, que o capitalismo foi o produto tardio e localizado de condições históricas muito especiais.

A primeira teoria que a autora expõe é a do modelo mercantil, sistematicamente elaborada por Henri Pirenne, que afirma ter a presença de um capitalismo, em estado latente, nas sociedades ditas “pré-capitalistas”, precisando, para amadurecer, a libertação de aspectos externos, como os sociais e culturais que o drenavam. Então, para este modelo o capitalismo (que seria o estágio mais elevado do progresso), surge devido a fatores incoerentes ao funcionamento do feudalismo-que é o comercio e as cidades, que sempre tem como destaque a questão do burguês ser o agente do progresso. Em suma, para este modelo, o capitalismo não se originou de fatores externos ao feudalismo, mas de fatores internos, cidades e comercio [antes era uma economia natural, apenas para subsistência, e depois passou a ser monetária, visando o lucro] que era desfavorável ao seu processo.

Depois deste modelo mercantil clássico, ela desenvolve seu pensamento breve em duas teorias que tentam ir contra: a de Weber e o modelo demográfico. Para a primeira, o processo foi à mesma via para toda a Europa (transeuropeu), e não negou a existência de um capitalismo anterior [o capitalismo sempre existiu, mas sem se desenvolver por completo], que aflorou com a racionalidade da ética protestante [dizia que era necessário trabalhar e polpar para conseguir agradar a Deus, tendo assim, uma acumulação de capital, necessário para o desenvolvimento do capitalismo].  E segundo o modelo demográfico, o capitalismo se desenvolveu pelos ciclos autônomos de crescimento e declínio populacional fundamentado nas leis de oferta-procura. Isto é, o crescimento econômico atrelou-se ao demográfico, atingindo um nível tal que a população não era capaz de se manter-se, e há uma queda no crescimento demográfico, fez necessário um ajustamento dos meios de produção, para que a economia se ajustasse novamente.
Entretanto, para a autora, estas teorias continuavam a dizer que o desenvolvimento do capitalismo foi uma resposta as leis do mercado. Seguindo a exceção de Karl Polanyi, que no livro A grande transformação, analisou o capitalismo, por meio das diferenças que se fazem necessárias entre as “sociedades com mercado” e as “sociedades de mercado”, pois a economia nunca tinha se motivado no fator lucro até então. Para ele, o sistema comercial nas sociedades pré-capitalistas que eram “sociedades com mercado”, tinha uma lógica diferente, pois servia apenas para complementar o que as pessoas necessitavam [era mais uma troca do que venda] e o mercado era um lugar físico especifico para isto, onde os comerciantes trabalhavam como transportadores de mercadoria de um lugar para outro, não existindo competição, pois só o mercado interno nacional desempenhava tal função. Em contraposição a essa economia baseada nas relações sociais, surgem as “sociedades de mercado”, onde o mercado torna-se o ditador da vida humana se distanciando das relações puramente sociais, mas as relações sociais se atrelam a este tipo de mercado que regula o preço, e como Polanyi mesmo aponta, foi quase um sistema preponderantemente destrutivo, a não ser pelo fato de o Estado ter intervindo. A autora destaca que em alguns aspectos polanyi, se aproxima do modelo mercantil, como o fato de a mercantilização estar atrelada ao progresso tecnológico na produção do capitalismo, mas ao mesmo tempo, nos chama a atenção pela questão de tratar o mercado capitalista não como uma formação social especifica, mas de pensar que os imperativos capitalistas (competição, acumulação e lucro) foram produtos do aperfeiçoamento tecnológico inevitável na Europa.

No capitulo 2, desenvolve os debates marxistas sobre tal desenvolvimento. Ela diz, que pensamentos marxistas distintos, um baseado no Manifesto Comunista e na Ideologia alemã-Sweezy, vê o origem do capitalismo em estado latente no feudalismo, aonde fatores externos (comercio e urbanização) vem e desistabiliza-o, libertando o capitalismo; e o outro-Dobb, baseado no texto Elementos de critica a economia e no Capital, que afirma que o desenvolvimento do capitalismo se deu puramente por fatores internos [a superexploração do campesinato, que levou ao fim da servidão, pois à medida que a nobreza começou a ter necessidades extravagantes começou a explorá-los excessivamente, causando um enfrentamento de classes] a ele. 
O debate principal entre estes dois autores era em querer situar o fator para a transição de sistema feudal para sistema capital, e para a autora, esta discussão continuou a apresentar quase os mesmos fatos do modelo mercantil clássico, cujo capitalismo já existia e estava apenas esperando para ser libertado.  Ela concorda com Sweezy, no fato de ele ser contra o que Marx chamou de “via revolucionaria” que seriam os pequenos produtores. Para ele a “via revolucionaria” seria o comerciante e o empregador de mão-de-obra assalariada. 

Nesta capitulo, ainda chama atenção para outra explicação que é a de Perry Anderson. Perry Anderson, afirma que no feudalismo o poder se encontrava fragmentado ente o Estado e os senhores feudais, e o domínio senhorial representava a união do poder político e econômico, mas houve uma instabilidade, acarretando em um enfraquecimento dos laços feudais, ao trocar os tributos feudais pela renda monetária. Os senhores feudais agem transferindo seus poderes coercitivos para o Estado absolutista, que objetivava repreender o campesinato em sua posição social tradicional. Podemos ver essa transferência por duas vias. Na primeira via, o deslocamento de poderes resultou no rompimento dos poderes econômicos e políticos, onde o poder político ficou centrado no estado monárquico, e o econômico se alojou na burguesia, que crescia, por ter adquirido autonomia. Já na segunda, os poderes econômicos e políticos continuam unidos, mas o senhor feudal se apropria das rendas, e o Estado dos excedentes dos camponeses pelos impostos sobre eles. Mas, para Anderson, o absolutismo, representou o poder político e jurídico que impôs a exploração econômica, sendo o meio essencial para a liberdade do capitalismo, ao libertar a economia e libertar os burgueses, que pensavam em racionalidade econômica.
Ellen, atenta pelo fato de Anderson ter demonstrado que o comercio se transformou em capitalismo através de simples expansão, mas devemos ter o conhecimento de que o comercio foi necessário para o desenvolvimento de tal assimilando que capitalismo e comercio é diferente, para evitarmos cair na mesma questão que tanto atormentou e atormenta o modelo mercantil.  

Por fim, no capitulo 3, fala sobre o debate de Brenner, que foi muito influenciado por Dobb. Brenner procurou para o desenvolvimento do capitalismo, fatores internos ao feudalismo dando destaque para a luta de classes, deixando de lado a idéia de um capitalismo já existente.  Para ele, o capitalismo foi um fenômeno inglês, pois as classes dominantes nas suas “regras de reprodução” dependiam da produtividade de seus arrendatários, começando assim, a disparar involuntariamente a dinâmica capitalista. A conseqüência não pretendida foi uma situação em que os produtores ficaram sujeitos aos imperativos (compulsão) do mercado. O princípio atuante destacado por Wood, é a compulsão e não a oportunidade.
Para Brenner, o desenvolvimento do capitalismo se deu não pela superexploração do camponês pelos senhores feudais, mas pelas deficiências de sua capacidade em praticar a extorsão, já que o Estado inglês os privava dos poderes coercitivos de extorsão do excedente e a tornavam cada vez mais dependente de meios de exploração puramente econômicos.  Brenner foi alvo de muitas criticas. As criticas de Bois e Le Roy Ladurie, não tiveram muito sucesso, pois ambos o criticavam de uma perspectiva que presumia uma separação da política e economia, que eram inerentes ao capitalismo. Foi acusado também de escrever uma historia do capitalismo de “cima para baixo”, mas em sua tese, não é uma classe que propicia o desenvolvimento do capitalismo, mas sim as relações que estas classes estabeleciam de forma natural, que acarretou num processo de desenvolvimento que acarretou no capitalismo.
No capitulo 3, ainda temos as idéias de E. P. Thompson, que diz que o capitalismo se desenvolve não apenas pelo processo de proletarização, mas também, como um confronto entre o mercado com as praticas e valores alternativos. Para ele, os axiomas do capitalismo são a formações da classe trabalhadora e a transformação deste novo tipo de proletariado. Thompson explica a industrialização a partir da intensificação da mão-de-obra e da disciplina do trabalho, visando o aumento de imperativos como a produtividade e lucro. Estes imperativos resultaram na organização da produção e da natureza do proletariado, entretanto, a fabrica foi um ato mais passivo do que ativo isto é, o capitalismo industrial foi um resultado e não a causa das leis capitalistas. O mercado existia apenas como lugar físico, e os preços eram dados pelos costumes, cultura. O mercado quando se torna auto-regulavel, se subordina ao lucro, e o Estado acaba cedendo a esta coerção do mercado. 

Em suma, Ellen, em seu texto procurar descrever os fatores básicos, de acordo com os modelos propostos por autores diversos, sobre o desenvolvimento do capitalismo. Alguns autores pensam que o capitalismo já existia, e estava só esperando para ser liberto, seja por fatores externos ou internos a ele; e, outros pensam que o capitalismo nasce de questões particulares da sociedade. Para Ellen, Brenner e Thompson são uns dos poucos autores que não segue o pensamento do modelo mercantil, isto é, discorda de um processo de transição, da transformação de uma sociedade em outra, pois a maioria tende a cair em princípios capitalistas universais do movimento histórico.     

Resenha sobre o filme Desmundo

RESENHA
O filme Desmundo, narra à vida cultural do Brasil, no século XVI tendo como enredo principal o destino das órfãs, suas obrigações como mulheres e as concepções cristãs sobre o Novo mundo (com suas bestas e feras, com o paraíso). O filme narra à história de uma órfã especifica, Oribela, órfã portuguesa e muito religiosa que em conflito com o mundo (desmundo, não-mundo é um termo aportuguesado do latim) tentará por varias vezes voltar para Portugal, mas não consegue. Ela é casada com o português Francisco de Albuquerque, que como ele mesmo disse no filme, era pobre e não tinha nem um lugar para dormir direito com sua mãe em Portugal, e que veio pra cá enriquecendo com as terras e escravos que aqui obteve.
Entretanto, o filme nos possibilita além de vermos o padrão cultural da época, nos permite perceber todo o universo da colônia, como os índios (que no filme são chamados de brasis, em referencia a um texto de Aristóteles, que diz que os Brasis seriam vermelhos) escravizados na própria terra, os primeiros escravos negros (que eram poucos, pois nesta época os escravos eram normalmente indígenas), os jesuítas que ora eram cristianizadores, ora corruptos, o cristão-novo (que era um ex-judeu, pois sua fé era menosprezada pela católica), a questão que hoje discutimos muitos sobre a miscigenação, pois Oribela tem um filho, no final do filme, e não sabemos se é do seu marido ou se é fruto de um pequeno romance com o cristão-novo, e na época, essa questão passou a ser normal (portugueses com índias, com escravas).
Outro fator que chama bastante atenção é a pluralidade de linguagem do filme, pois o filme mantém a fala tradicional do português arcaico, e a legenda é transcrita para a linguagem de hoje, mas quando se tem falas de índio e escravos, não se tem tradução, pois na época, não se entendia quase nada que um falava para o outro, isto é, o filme mostra como era difícil a comunicação na época, pelo fato de se ter muitas culturas, povos.
Fazendo uma ponte entre o conteúdo estudado e o filme, podemos ver que as mulheres eram vistas como inferiores, objetos, sendo obrigadas a se subordinarem aos homens; o imenso valor cultural presente nas crenças e nos mitos portugueses sobre o paraíso, o El Dorado, isto é o Novo mundo, os cristão-novos (isto é, os mouros que eram vistos como brutos,valentes); o enriquecimento de agentes que agiam em nome do rei; a questão da emigração que tornava possível a mudança de status(o que era pobre em Portugal, poderia virar nobre aqui); a questão da miscigenação, não sabendo-se ao certo de quem descendemos, a questão do incesto, pois deduz-se que a irmão do português Francisco, na verdade era sua filha, advinda de uma relação sua e de sua mãe.  Também, vale à pena a ressalva de que na própria época, já existia o objetivo de se interiorizar e expandir mata adentro a fim de irem explorando a terra para se fazer novas descobertas.

AVALIAÇÃO CRÍTICA

O filme Desmundo mostrou-se muito útil, pois se mostra uma copia fidedigna da retratação cultural, política-social-econômica daquela época, demonstrando ser um excelente meio pedagógico para os educadores trabalharem com seus educandos, e uma excelente fonte histórica para nós historiadores, pois se inspira na carta de Anchieta enviada ao rei D. João, na qual pedia jovens órfãs para serem enviadas para cá, a fim de constituírem famílias.
O filme conta com uma serie de concepções e idéias vindas da cultura cristã típicas da época, que notamos quando lemos os escritos de Cristóvão Colombo sobre o que ele pensava ser o novo mundo. Não aceita a cultura do outro, do desconhecido, vê o índio como um animal, um ser inferior, mas com o coração generoso e valente. O choque de culturas propicia este impacto, os que compreendem continuam a viver, os incompreendidos são mortos. A questão de pensarem que o paraíso, estaria próximo ao equador, de clima temperado, com animais falantes (papagaio) que invadem o pensamento dos europeus, que quando chegam aqui pensam ser mesmo verdade. São questões bem explicitas e outras nem tanto, que o telespectador terá que ler, melhor, ver entre linhas, fazendo algumas analogias como a questão da miscigenação, a questão do saber lidar com o diferente, a questão dos cristão-novos, etc., alguns conhecimentos prévios para que se identifiquem tais aspectos. 
O enredo do filme não deixa a desejar em nenhum quesito, não peca em termos narrativos e nem visuais. A única coisa que poderia ter ocorrido de diferente no filme, foi à morte do cristão-novo não ter sido concretizada, para que Oribela tivesse ficado com ele, tendo um fim romântico e idealizado com o qual estamos acostumados. 

Panorama sobre a Europa do século XVIII

FICHAMENTO
RUDÉ, Georges. A Europa no século XVIII. Lisboa: Gea diva, 1988. Cap. 2 e 3

No século XIII a terra representava ainda a principal fonte de riqueza na Europa, e era dela que a maior parte dos europeus retirava os seus rendimentos. Entretanto, a tipologia e metodologia de plantio, de exploração, o sistema de propriedade e arrendamento da terra, a situação social e as condições dos cultivadores variavam em grande escala de um lugar para o outro. Algumas características opõem o Oeste da Europa, em via de desenvolvimento, e o Este e Sul, estagnados ou em desenvolvimento mais lento. Amplamente todos os paises, enfrentaram um desafio comum resultante da revolução demográfica: o aumento da produção de alimentos de modo a enfrentar a pressão sobre a terra e garantir a subsistência de uma população em crescimento. Os países responderam isto de diversas formas. A Rússia e a Espanha responderam a isto alargando os métodos tradicionais a uma zona de cultivo mais ampla; outros como a Polônia e a Itália fracassaram e estagnaram; entretanto, o Oeste do Elba, a norte do Pó e dos Pirineus responderam adotando novos métodos agrícolas e culturas mais intensivas. A essência dessa revolução se constituiu no recurso a uma mais flexível rotação de culturas, e incluía algumas outras inovações, como melhores alfaias e arroteamento de terras. O obstáculo principal era o sistema open field-que dividia a terra em faixas diversas, cultivadas em comum por aldeões. O objetivo em longo prazo era substituir este sistema pelo de enclosure - rotação de culturas.

 A mola principal que despoletaria a revolução agrária surgiu nos Países Baixos e se espalharia por toda a Europa. Na Inglaterra, a revolução, que foi muito impulsionada por iniciativas privadas, seguiu quatro linhas principais de desenvolvimento. Estas corresponderam ás medidas tomadas para melhorar o rendimento do solo, obviar o desperdício resultante do open field, transformar os baldios e mos pântanos em terras de cultivo e produzir e alimentar gado ovino e bovino de engorda. Entre os pioneiros figuram Jethro Tull, Robert Bakewell e o principal Arthur Young, que defendia as enclosures, que proporcionaram indubitavelmente benefícios e vantagens econômicas a muitos, paralelamente tem-se discutido se os custos em dinheiro ou em sofrimento humano se justifiquem plenamente.
Na Inglaterra a iniciativa para o melhoramento partiu em grande parte de empreendedores agricultores e criadores de gado, já na França, foi dos esforços conjuntos de nobres inovadores (ansiosos por retirar rendimentos da terra), fisiocratas (que acreditavam que a terra era a fonte de toda a riqueza) e do próprio governo (em 1761 criou um Departamento de Agricultura e incentivou a formação das sociedades locais para difusão das novas idéias).  Entre 1769 e 1781 na França, promulgaram-se vários editos que autorizavam a repartição das terras comunais. Assim, entre 1767 e 1777 vários editos concederam à liberdade de delimitação de terras numa impressionante lista de províncias e regiões, enquanto entre 1768 e 1771 foi também proibida a posse intercomunitaria de prados na maior parte dessas regiões e províncias. Esta medida foi tomada até 1771, e depois cessa, pois muitos franceses, por medo e apatia do campesinato, não resistiram ou não respeitaram mesmo às inovações.   Para Marc Bloch, foi a tenacidade dos pequenos e médios proprietários (os laboureaus) para conservas as praticas antigas contra as perigosas inovações o fator que desequilibrou o balanço, forçando o governo a deter-se. Deste modo, as reformas na França deixaram poucas marcas. Optou-se por métodos persuasivos, mas os resultados foram escassos. Os métodos e organização da agricultura mantiveram-se como então, ou houve mesmo um regresso a práticas antigas, e apenas um século depois seguiram os caminhos da inovação.  Na pratica, estas medidas não se revelaram muito eficazes, dado que os hábitos e as tradições estavam arraigados e, além disso, havia ainda a resistência dos proprietários de terras que achavam os métodos tradicionais mais úteis para vincular os camponeses a terra, ou ainda os obstáculos de natureza geológica e climática. Em outras partes da Europa, como na Rússia e Polônia e na Península Italiana a sul do Pó, tanto a perpetuação de formas obsoletas de organização social como os obstáculos impostos pela natureza constituíram importantes barreiras ao progresso.
Mesmo nos países onde ocorrera a revolução agrícola, nomeadamente a França e as Ilhas Britânicas, existiam bolsas idênticas de atraso e resistência à mudança. A fronteira entre um ocidente em desenvolvimento e um Leste e Sul tradicionais e estagnados correspondiam ao que separavam os países de pequenas propriedades dos de grandes explorações rurais. No geral, a leste do Elba, a terra era propriedade dos grandes latifundiários de origem nobre que exploravam o trabalho não livre dos servos, enquanto no oeste de Elba, como em França, no Sudoeste da Alemanha, Suíça e Norte da Itália, predominavam as pequenas propriedades. Tanto a norte como a oeste do Elba, as propriedades eram normalmente pouco extensas. A França era um país de pequenas explorações e propriedades. Já a Inglaterra, era a exceção, pois nela existiam grandes magnatas quase comparáveis aos do Leste.  Á medida que a revolução agrícola avançava, com o sistema de drenagem, a construção de sebes e valados e a proliferação das enclosures, os pequenos proprietários viram-se obrigados a vender as suas terras e assim as grandes explorações crescem. No decorrer deste processo de revolução, consolidação e expansão foi emergindo a sociedade rural moderna, com o desaparecimento dos yeoman freeholder e do camponês, e a divisão tripartida em grandes latifundiários, agricultores abastados e jornaleiros. Na Itália, as pequenas e grandes explorações coexistiram dentro do mesmo estado.
No entanto, estes fatores (dimensão das propriedades; numero de grandes proprietários e pequenos produtores; tipos, organização e métodos de cultivo) dizem respeito a uma pequena parte da questão.  Tendo em vista a diversidade das suas funções, da sua condição social e econômica e das dimensões e natureza de suas propriedades, é impossível generalizar como classe social homogênea. Podemos sim, generalizar a situação legal do camponês, a qual tinha muito a ver com a sua posição na comunidade. As grandes regiões de servidão e mão-de-obra não livre estavam no Leste, e os países onde a servidão fora abolida, estavam no retrocesso. No entanto, como nos recorda Anderson, continuou a haver bolsas de servidão no Ocidente. A única exceção a esta antítese Leste-Oeste foi a Dinamarca, onde tentou-se libertar os camponeses em 1702, mas a servidão continuou a existir até os finais do século.  Apesar das exceções, a servidão pessoal diminuía no Ocidente, embora subsistissem obrigações e  tributos que vinculavam à terra e eram remanescentes de um antigo sistema feudal ou senhorial de exploração da terra. Na Inglaterra e na maior parte das Ilhas Britânicas não existiam, subsistindo apenas o contrato enfitêutico, que quase não estabelecia diferença entre camponês livre ou não livre. Fora das Ilhas Britânicas, um dos resquícios feudais mais comuns era a corvéia, dizimo, pagamento de foros, etc. muito difundidos na França. A leste do Elba, o que se verifica não era tanto uma situação de serviços e obrigações ocasionais, mas falta de liberdade, que variava de servidão adstrita(vinculação pessoal) até a servidão domestica. As exceções eram poucas e a servidão espalhava-se.
As razoes para a deterioração da situação dos pequenos agricultores no Leste eram diversas, como guerras, períodos de perturbações internas, crescentes oportunidades da produção de cereais para a exportação e a tendência do governo central.
A Grã- Bretanha era o único dos grandes Estados europeus, que naquele tempo não temia fome. Mas não se tratava apenas de condições econômicas.

INDÚSTRIA E COMERCIO

No fim do século XVIII, assistiu-se na Europa os primórdios de uma revolução industrial. Porem, esta nova revolução se confinaria a um país- Grã-Bretanha. Os contemporâneos dessa época pouca consciência tiveram das suas implicações, assim, não é de se estranhar que o que mais impressionou as pessoas fora a prosperidade e expansão do comercio ultramarino e não a opulência ou engenho dos seus fabricantes. No mundo dos negócios, os reis é que comercializavam ou eram banqueiros, e não os industriais. Todas as atenções eram dadas ao comercio e transporte de mercadorias e ouro ou prata em barra, esquecendo-se os bens produzidos. Contudo, esse fenômeno não se circunscreveu apenas à Grã-Bretanha. Porém, após a Guerra de Sucessão da Espanha, as Províncias Unidas revelaram-se impotentes para competir com eles. Em 1739, a supremacia comercia passou a envolver franceses e ingleses e holandeses, que alargou provisões navais do Báltico e do Norte da Europa, da Índia e o Sudeste Asiático. Contudo, em meados do século, o poder naval holandês deixou de competir com os ingleses, e tanto os holandeses quantos os franceses perderam suas posições no continente indiano. Em 1789, o comercio com as Índias Ocidentais  representavam um terço do total das atividades comerciais britânicas. Porem, nenhum destes portos se igualava o de Londres. Entretanto, no resto da Europa, certos países entraram em declínio (Veneza).
A expansão do comercio tornou necessária a descoberta de novos métodos de organização e direção comercial, bem como a criação de novos meios de financiar e orientar as atividades. Tal como no século anterior, as grandes companhias privilegiadas continuavam a desempenhar um papel preponderante. Algumas destas companhias eram extremamente opulentas, beneficiando do comércio e de empréstimos concedidos a governos e particulares. Porem, estas companhias sofreu muitos altos e baixos, devido ambição e confiar na sorte, além de despertar a inimizade de outras entidades da comunidade comercial. Assim, mesmo as companhias que sobreviveram acabaram por entrar em declínio, e os novos comerciantes (conhecidos como intrusos) e um grupo de casas comerciais internacionais especializadas em todos os tipos de operações financeiras, esperavam a vez de agirem. Alguns destes homens e outras com idênticas tendências financeiras tornaram-se especialistas em vários ramos do comercio retalhista ou grossista, outros fundaram bolsas de valores, outros criaram um novo tipo de serviço paralelo (seguro marítimo) para facultar maior proteção marítima de mercadorias, outros ainda, se converteram em banqueiros, que concediam empréstimos a governos e clientes. Algumas destas atividades remontavam à Idade Média, mas outras eram criações mais recentes.
Deste modo, registrou-se uma expansão geral do comercio no século XVIII, beneficiando mais a França e a Inglaterra. Esta expansão não apenas refletiu como ainda estimulou o incremento da atividade industrial. Não existia nenhuma linha divisória entre o Leste e o Oeste pra isto. O ritmo de progresso varia de país para país, como também diferia a natureza e qualidade dos bens produzidos e até o tipo de mão-de-obra; porém, os métodos concretos de produção eram os mesmos em toda a parte. Em suma, estes métodos de produção correspondiam a tipo fundamental: pequena oficina (surgida na época medieval, onde o mestre artífice trabalhava lado a lado com os seus aprendizes); sistema de casa de camponês ou trabalho doméstico (tecelões e fiandeiros fiavam e teciam os tecidos sob orientação do negociante de panos e fazendas); manufatura urbana ( não era uma fabrica no sentido moderno pois a mecanização existente não era superior à encontrada na casa do tecelão) e jazidas(estabelecimento de trabalhadores em locais de construção, minas de carvão). Pode-se dizer que a expansão da indústria no século XVIII resultou da combinação destes sistemas produtivos, destacando-se o sistema domestico. Foi na Grã-Bretanha que os resultados foram mais notáveis e duradouros. Na França, verificou-se o contrario.

Por outro lado, outros países permaneceram à margem desta expansão industrial. Entre estes países, temos a Alemanha, Itália, Suécia e Holanda. Porém, como já mencionado, a produção industrial foi paralela á expansão do comercio, tendo um influenciado à outra.   Se a situação se tivesse circunscrito apenas aos fatos que temos vindo a referir, dificilmente se poderia falar de uma revolução industrial. Em suma, a revolução significou mais do que um incremento da produção, resultando numa transformação dos processos manufatureiros numa diversidade de ofícios, criaria as bases do moderno sistema fabril e daria origem a uma nova sociedade industrial.  

Contudo, encontramos poucos indícios de uma ruptura radical no seio do continente europeu, existindo apenas na Grã-Bretanha.  Mas porque na Inglaterra? Primeiro, por ela possuir uma longa tradição tecnológica, que seria fortalecida pela revolução agrícola em que cada uma delas era estimulada pelas necessidades sociais criadas. Segundo, recebia investimentos do Estado. E terceiro, mas não menos importante, está à posse de um único mercado interno, livre de reminiscências feudais. Portanto, um atrelamento destes aspectos propicia que a Alemanha seja o único país a realmente possuir uma revolução industrial.     

A inquisição para Green

GREEN, Toby. A inquisição. O reino do medo. Lisboa. Editorial Presença, 2010.

Em 11 de março de 1649 no México, cavalos dos músicos seguidos pelos ministros (empunhando os escudos de armas da inquisição que mostravam o combate entre a paz e a violência com cruz no centro, ramo de oliveira á direita e espada a esquerda), seguidos pelos ministros do santo ofício e da nobreza dirigiam a procissão do primeiro responsável pela Inquisição, anunciando o auto-de-fé, que era um espetáculo.
Catorze relaxados foram garrotados e depois queimados e um morreria na fogueira (Tomás Treviño) por praticarem secretamente a religião judaica. Efígies de 67 pessoas e 23 caixões com ossadas foram queimadas. Cada relaxado era acompanhado por dois confessores (muitos choravam ao fazê-lo). Eram seguidos pelos padres da Inquisição a cavalo e por uma mula que carregava um baú que continha os processos e as sentenças.
O padre Bocanegra maravilhava-se com asa ações do inquisidor-mor Mañozca, que segundo ele, administrava sempre a justiça ligada com a paz, mas Mañozca chamava os marcadores da praça para se apoderar do que lhes pertenciam, importava e exportava mercadorias ilegalmente e tinha ligação com uma mulher casada. Então era impossível estabelecer uma distinção total entre os perseguidores da heresia e os próprios heréticos, parecia que uns necessitavam dos outros.

De 1478 ao inicio do século XVIII, a inquisição foi a instituição mais poderosa da Espanha. A inquisição foi uma força significativa em quatro continentes e durante mais de três séculos. O longo período se deu pela vasta tipologia dos crimes (julgamento de bruxas no México, de bígamos no Brasil, de pedreiros livres sediciosos, de hindus, judeus, mulçumanos e protestantes, padres fornificadores e marinheiros sodomitas).    
A semelhança entre a Inquisição de Portugal e Espanha está nos interesses que ambas manifestaram por lugares muito afastados entre si. Havia sempre novas vitimas a serem perseguidas sem heresias aparentes ou por fato político. A inquisição de Portugal e Espanha deve ser analisada em conjunto. O regimento de ambas era quase idêntico, assim como a perseguição aos criptojudeus e ter ficado subordinada ao poder real e não ao papado. Além disso, ao contrario do papal e medieval, a nova Inquisição estendeu-se as colônias.  A diferença é que a inquisição necessitava exercer diferentes tipos de controle social. Na Espanha, a fé tradicional não estava em causa (anão ser pelos cristãos-novos, mouriscos e protestantes) e no Novo Mundo, estava a se constituir uma sociedade inteiramente nova, precisando que se estabelecesse até os valores corretos.
A concentração nestas inquisições reside na história do poder e de abuso de poder. Portanto os abusos não tiveram caráter religioso, mas político.
A Inquisição lançou a semente do estado totalitário, de abuso racial e sexual. A novidade da inquisição espanhola não era a perseguição, mas a institucionalização da perseguição. A Inquisição foi à primeira instituição opressora da sociedade, contudo não foram só os cristãos-novos a sofrer. Agia em diversos níveis e instala a cultura do segredo (nomes dos denunciantes não eram revelados). A dificuldade em impor a a Inquisição estava no cosmopolismo, e após sua destruição Espanha e Portugal acabam com a capacidade de seus representantes agirem no mundo. Qualquer dado estatístico humano representa porcentagens mais elevadas do que representaria hoje, porque o numero de mortes é inferior ao que esperávamos. O período de maior severidade foram os 50 anos que seguiram sua fundação, em 1478. Alguns historiadores dizem que a Espanha foi vitima da “lenda negra” que pinta a violência de sua inquisição. A lenda negra originou-se no século XVI após o papa liberar Alfonso Díaz que denunciou seu irmão por ter virado protestante e este sendo morto. O caso foi divulgado aos católicos em todo norte da Europa. Estas publicações foram aproveitadas por países que invejavam e temia os espanhóis dando um caráter injusto ás atividades da inquisição. Entretanto existe uma diferença entre colocar a inquisição num contexto e desculpar seus excessos. Essa vontade de branquear a lenda negra faz com que estudiosos cometam sérios erros, como a afirmativa de que a tortura foi raramente aplicada.
O combate entre o medo e a capacidade de resistir ressalta o drama da inquisição. O medo ( julgamento e condenação a morte, pela ruína social e financeira) se infiltrou em todas as camadas da sociedade e era cuidadosamente cultivado pelos responsáveis. O medo era segurado pelo principio do sigilo e era para atingir fins políticos. O medo chegou a virar mito. O mito se formava no preciso momento em que os inquisidores chegavam a uma vila e liam seus editais de fé. Entretanto, foi o próprio medo que destruiu essa instituição, por instigar a rebelião.

Na parte “O fim da convivência” o autor destaca como se deu o processo de inserção da instituição inquisitorial. Em Saruel os autarcas tentaram resistir, mas em 1485 a inquisição começa a funcionar. Marcilla a usou para exterminar sua família de casamento e para chegar ao poder.
Em Saragoça tanto cristão-velho quanto cristão-novo não queria a presença da inquisição, mas mesmo assim ocorre e o primeiro auto-de-fé foi realizado em 1485. A fúria do povo foi dominada pelo medo.
Em Toledo houve concentração de poder, houvera perseguições de inimigos imaginários, foi uma antevisão da inquisição. Precisavam de um bode expiatório, e usaram os cristãos-novos. A violência contra eles cresceu rápido, já que eram odiados tanto pelos cristãos-velhos e pelos judeus.
Em Servilha que unia identidades mouras e cristãs, a inquisição é estabelecida em 1478, cujas razoes políticas e religiosa são distintas e reveladoras. Não era apenas o desejo de Fernando se apoderar dos pertences dos cristão-novos ou desejo papal de entender seu influencia, mas de reorientar a violência contra os eles. A religião era uma desculpa e não o motivo principal.
Na Ciudad Real, a Inquisição se estabelece em 1483 e com muitos processos. As provas eram confusas e referiam-se a fatos ocorridos a pelo menos 10 anos antes. Também aqui, o caráter político e não o religioso queimou tantos os bons cristãos como pessoas com crenças difusas. Contudo, concluímos que a inveja e a discórdia familiar estavam na origem de muitos processos, revelando que muitas das denuncias eram maliciosas.

Na parte “Fogueiras por toda a parte” repete um pouco o que já foi dito, mas em territórios de Portugal.
Em Évora, ocorreu em 1545, com acusação contra Álvaro Leão. Portugal com os refugiados da Espanha se enriquecera. Esse país que estava a crescer tinha que demonstrar seu poder, e resolver usá-los caçando mulçumanos. Muitas vezes as pessoas culpavam o familiar mais próximo. Não se tinha duvidas do que os cristãos-novos portugueses judaizavam mais do que os da Espanha, então D. João III poderia instalar a Inquisição, pois também tinha o apoio popular.     
Em Lisboa que era uma das cidades mais cosmopolitas D. Manuel queria expulsar os judeus, mas volta atrás e resolve torná-los cristãos. Mas depois de um fenômeno estranho que colocou uma luz no crucifixo (o cristão-novo que afirmou que era das velas) os cristãos novos começaram a ser perseguidos. Contudo a culpa foi de D. Manuel que com lutas interiores e puramente pessoais de governante somadas a sua vaidade, contribuiu para o estabelecimento da inquisição em Portugal.

No capitulo do “Inimigo interno”, temos como o medo começou a atingir toda a população e como a Inquisição se interessa por outros heréticos (em Valência foi os erasmianos iluminados e luteranos; em Murcia, os criptojudaicos e os mouriscos; em Valladolid também foram os mouriscos e criptojudaicos).

No capitulo “O terror envolve o mundo” demonstra como a Inquisição estava presente em todo o mundo. Tanto pela expansão portuguesa quanto pela espanhola. Portugal se destaca, pois expandiu sua influencia internacionalmente. A mais opressora inquisição portuguesa ocorreu em Goa, mas mesmo assim, a inquisição espanhola foi mais violenta.


fichamento sobre a revolução inglesa sob ótica de Florenzano

FLORENZANO, Modesto. Revolução Inglesa (1640-1660) In: As Revoluções Burguesas. São Paulo: Brasiliense, 1981
O autor inicia o seu texto nos relembrando que quando falamos de Revolução inglesa, logo nos vem à memória a Grande Rebelião, Revolução Puritana, Guerra Civil, Republica de Cromwell e a restauração. E depois vai esmiuçando cada uma destas, mas antes de vê-las, vamos ver o contexto no qual a Inglaterra estava inserida.
Pois bem, a Inglaterra nos séculos XV e XVI enfrenta algumas transformações em sua economia, pois passa a ter a maior industria têxtil da Europa, que tinha um sistema de produção doméstico(onde já existia uma divisão do trabalho e o capital dominava a produção) e a produzir muito carvão, tendo sua industria naval e comercio marítimo inferiores só para a da Holanda.  No campo, o desenvolvimento, seguindo o sentido capitalista, ia de vento em polpa, estimulado pelo comercio de lã e criação de mercado para produtos agrícolas. Como ressalta o autor, se antes o comercio era a única atividade capitalista, a indústria e agricultura passariam a ser também, pois a primeira deixa de ser artesanal e a segunda deixa de ser de subsistência dando lugar a uma agricultura comercial. Em suma, o capitalismo se origina da própria base feudal, a partir da expansão do mercado interno e da divisão do trabalho.
Com estas transformações econômicas, temos como resultado, transformações na vida social que estavam diretamente ligadas com a posse ou não de terras, que segundo Polanyi é uma mercadoria fictícia, pois seu uso não era pra ser capitalizado. Com as mudanças econômicas acompanhadas da inflação, teve-se redistribuição de renda de uma classe a outra e mobilidade social (a terra saiu da posse da aristocracia e passou para a nobreza rural [gentry], e da mão dos arrendatários para os camponeses [yeomen]).  Isto é, houve um deslocamento das riquezas da Igreja e Coroa para as mãos da classe média e alta.  No topo hierárquico, estava a aristocracia, abaixo deles estava a gentry, abaixo dela estavam os yeomens, e na base estavam os “camponeses” menos prósperos.  
Terminando assim minha exposição do contexto do qual a Inglaterra se inseria, descreverei um pouco das grandes alusões que nos indicam à Revolução Inglesa. Iniciarei pela Grande Rebelião (1640-1642) que foi uma revolta parlamentar contra o absolutismo depois de variadas disputas pelo poder.  Esta rebelião teve suas origens, pois a Dinastia Stuart recebe um Estado que havia acompanhado o processo de centralização e fortalecimento do poder monárquico, mas fracassou na concretização deste, pois não tinha um exercito permanente (pois não era necessário uma maquina militar e custava muito ao Estado), autonomia financeira (vendia os bens da coroa, arranjava empréstimos com o parlamento, vendia monopólios de comercio e indústria) e burocracia.  Mas, Jaime I, tentou estabelecer uma monarquia absolutista. Mas fracassou, pois teve vários enfrentamentos com o parlamento e causou assim descontentamento entre a gentry e a burguesia urbana. Quando Carlos I assume, rondava três bases intelectuais (o puritanismo, que como Weber descreve seria o desenvolvedor do capitalismo; direito comum ou direito consuetudinário, pois não teve o direito romano, que regulava as relações jurídicas entre a nobreza e o camponês; e a ideologia do país, que dizia que o país era virtuoso, defensor dos velhos hábitos e liberdades, país puritano, corte inclinada ao papismo), o que dificultaria a instalação de um poder absoluto. No entanto, em 1629 ele dissolve o parlamento com base em uma política global de onze anos, procurou criar instrumentos monárquicos para dominação das forças econômicas, sociais e religiosas. Resultado, todas as forças de oposição se unirão contra o ele. Com a convocação do Longo parlamento, em 1640, a iniciativa política centrava-se na Câmara dos Comuns e eles queriam a soberania política. O parlamento se divide e Carlos I contra-ataca, mas os lideres fogem. Com este insucesso e tendo perdido Londres para eles, Carlos I vai para o Norte e lá se prepara para a guerra civil.
Passarei agora para a Guerra Civil (1642-1648), que designa o confronto entre o parlamento e o rei que terminou em confronto militar.  Sob a ótica religiosa, os anglicanos e católicos apoiaram o rei, e os presbiterianos e radicais ficaram do lado do parlamento. Já sob a ótica social isto não é tão nítido, pois as três classes (aristocracia, gentry e burguesia) eram dominantes, e a classe explorada ficou fora do conflito ou do lado do parlamento. O que quero dizer, é que nenhuma classe teria se colocado por inteiro de um lado ou outro. Do lado do rei estavam os realistas (cavaleiros) e do lado das forças parlamentares estavam os independentes (puritanos radicais, partidários da guerra até a vitória; representavam a gentry, yeomen e burguesia manufatureira) e os presbiterianos (puritanos moderados, conservadores e realistas constitucionais, partidários da paz. Representavam a burguesia urbana e aristocracia rural). Para enfrentar as forças realistas, os presbiterianos e independentes se aliaram com os exercito escocês, com um desempenho espetacular da cavalaria dos independentes liderada por Cromwell, que tinha estrutura democrática e revolucionaria, derrotando o exercito realista em 1645.
A República de Cromwell (1649-1658) indica o resultado do processo, que ancorado na criação de um exercito revolucionário e dos ideais políticos dos Niveladores, terminou com a execução do rei, acabando com a monarquia, e proclamação da república em maio de1649. O governo de Cromwell foi importante pelas suas realizações internas (exterminou as relações feudais, permitindo o desenvolvimento do capitalismo) e externas (consolidou sua posição de potencia marítima e imperialista). A república, no entanto não consegue ficar por muito tempo, pois representava somente o poderio militar e precisava assim do apoio parlamentar.
A Restauração (1660) indica por sua vez, o termino e limites da revolução. Representou de fato, o parlamento como soberano político, que representava os interesses das classes proprietárias e o rei estava privado de todos os instrumentos do poder absoluto. Ficou explicito que os grandes derrotados da revolução foram o movimento democrático e o movimento puritano, explicando-se assim a volta do anglicanismo, que se separou do Estado.

Escravos e libertos no Periodo colonial

RESENHA
WOOD, A.J.R.  Escravos libertos no Brasil colonial. Rio de janeiro: Civilização brasileira, 2005. p. 235-282

As irmandades foram uma das maneiras pela qual os indivíduos de ascendência africana, escravos ou libertos, conseguiram encontrar coesão e unidade de propósito e agir coletivamente no ambiente social e econômico da escravidão.  Essas dimensões étnicas, comunitárias e de parentesco encontrariam sua maior expressão no comportamento domestico.

O historiador Gutman contribuiu para a historiografia da América do Norte Inglesa, atingindo o passado, o presente e o futuro dela e também traz lições para cerca de 20 republicas das Américas que contam com populações de ascendência africana. O seu ponto de partida é um relatório preparado pelo ministro do trabalho dos EUA. Na América Espanhola e portuguesa há a divulgação de opinião de que a família negra se caracteriza pela instabilidade imputável às pressões exercidas pela escravidão. Levanta algumas das questões que de senso comum costumamos a achar que são verdadeiras, tais como: escravas não tinham conceito de honra sexual; escravos eram licenciosos e promíscuos; os negros se juntam e não se casam; os filhos eram ilegítimos; vida familiar e os laços de parentesco tinham sido destruídos pela venda, pela oposição do dono ao casamento; os poucos lares eram matriarcais; os escravos não exerciam a capacidade de tomar decisões e a de que lhes faltava um conjunto estabelecido de valores, crenças ou costumes que conduzissem os seus comportamentos, seguindo de forma mimétrica os arranjos domésticos, o estilo de vida e a escolha dos nomes; de que faltava aos negros a capacidade de se adaptarem à civilização das “raças superiores”.
Pois bem, pra Gutman, nos EUA, libertos ou escravos, mantinham crenças e valores que orientavam o seu comportamento domestico, ou padrões de namoro, aliança sexual e acasalamento; havia fortes sanções sociais contra promiscuidade ou a infidelidade conjugal (os tabus enraizados em crenças exogâmicas impediam que os negros seguissem o costume de endogamia e a do casamento entre primos); os casamentos eram estáveis e permanentes; a família era constituída por pai e mãe, e o primeiro tinha papel ativo; os laços de parentesco familiar ou consangüíneo mostram-se sólidos e resistentes, exemplificando a independência, identidade e uma cultura afro-americana intocadas pelas restrições dos proprietários; os filhos recebiam o nome da família consangüínea ou nomes que os ligavam a gerações anteriores de afro-americanos (transmitiam assim um senso de identidade associativa). Em suma, Gutman afirma que estas questões são produtos de um processo de mudança social e cultural adaptativa enraizada num sistema de valores e crenças partilhadas pelos afro-americanos.
  Gutman testou a validade de sua tese de duas formas. Primeiro examinando os escravos de 6 comunidades de plantations com características diferentes, e em segundo lugar, testando a preservação das crenças e dos valores e a viabilidade dos mecanismos de adaptação quando confrontadas por circunstancias externas sobre as quais os escravos não podiam exercer controle algum. A pedra fundamental de Gutman foi o registro de nascimento do plantation Good Hope (trata de todos os aspectos da experiência afro-americana, do nascimento da África, passando pela escravidão, pela escravidão numa plantation da América, pela emancipação e vai até o renascimento como liberto).

As coroas de Espanha e Portugal e a política eclesiástica de seus impérios nas Américas encorajavam os casamentos de escravos e a proteção de famílias escravas. Entretanto, a preocupação real inspirava-se menos no interesse altruísta pelo bem estar social e moral dos escravos de que os escravos envolvidos em uniões permanentes e com família tinham maior probabilidade de ser mais produtivos e menos tendenciosos a ameaçar o status quo social e econômico pela fuga ou rebelião. Outro ponto que quero destacar é a regularização das uniões ilícitas do proprietário com as escravas, e que acabam tendo uma desaprovação real, pois seria uma via para a liberdade, aumento da população mulata livre, e aumento do prestigio do escravo. O uso do sexo também se destaca nesta época, pois era usado para manipular ou dominar pessoas inferiores (mulheres eram estrupadas, sodomizadas e agredidas sexualmente; os negros eram passivos na relação).

Depois o texto traz alguns dados, onde a primeira opção de um mulato livre era uma mulata livre, depois uma mestiça, depois uma índia e em ultimo uma negra. Só aí, percebemos como eles eram desvalorizados.
Os escravos tentavam minar as tentativas de seus donos de forçá-los a casar contra vontade, com medidas conscientes (suicídio, homicídio, aborto). Em suma, o cerne do pensamento do autor está na questão da família, que era a força protetora para os indivíduos de ascendência africana, não só contra a exploração dos brancos e dos donos como também contra as pretensões do Estado. Representavam assim, uma alternativa, fosse um ponto focal para a lealdade, a ênfase no altraismo em vez do materialismo, a afirmação dos valores humanos acima, do ganho material ou da continuidade acima do transitório.
O texto é bom, mas muito cansativo, devido ao grande numero de informações e repetições destas ao longo dele.
O trabalho de Gutman vem pra quebrar aquele paradigma que construímos, ou melhor, foi construído por uma historiografia até os anos 70. Vale a ressalva de que ele não foi o primeiro a fazer isto.
Com base visto nas aulas, a tendência dominante de quando se fala em escravidão, é a de pensarmos os escravos como sujeitos participantes da história e produtores desta, os vendo como sujeito de sua própria história, que desenvolveu uma sabedoria política, conquistando espaços de autonomia.
Em suma, o texto foi proveitoso(informativo), pois nos ajuda a quebrar com questões normalmente impostas pelo senso comum, tidas como verdades absolutas.

sábado, 7 de maio de 2011

Historia

A historia surgiu com Heródoto na Grécia, que é considerado o pai desta. Entretanto foi Tucídides o primeiro a aplicar métodos críticos, como o cruzamento de dados e fontes diferentes. O estudo histórico começa quando os homens encontram os elementos de sua existência nas realizações dos seus antepassados.
Historia é a ciência que estuda o homem e as suas relações no tempo e no espaço.

As concepções da História

A História se apresentou pelo menos de três formas em um processo longo. São elas:
  • História Pragmática - Expõe os acontecimentos preocupação didática. O historiador quer mudar os costumes políticos, corrigir os contemporâneos e o caminho que utiliza é o de mostrar os erros do passado. È a famosa frase " Historia estuda o passado pra não cometermos os mesmos erros no presente e futuro. Os gregos Heródoto e Tucídides e o romano Cícero ("A Historia é a mestra da vida") representam esta concepção.
  • História Científica - Agora há uma preocupação com a verdade, com o método, com a análise crítica de causas e consequências, tempo e espaço. Esta concepção se define a partir de 1789 com ideias advindas da Revolução Francesa. Toma corpo com a discussão dialética (de Hegel e Karl Marx) do século XIX e se consolida com as teses de Leopold Von Ranke, criador do Rankeanismo, o qual contesta o chamado "Positivismo Histórico" .
  • História dos Annales (Escola dos Annales) - Os historiadores franceses Marc Bloch e Lucien Febvre fundaram em 1929 uma revista de estudos, a "Annales d'histoire économique et sociale",  onde de modo geral, rompiam decididamente com o culto aos heróis e a atribuição da ação histórica aos chamados homens ilustres, representantes das elites. Para estes estudiosos, o cotidiano, a arte, os afazeres do povo e a psicologia social são elementos fundamentais para a compreensão das transformações empreendidas pela humanidade. Surgindo ainda o movimento da Nova História Crítica e da Nova História.

As concepções filosóficas da História

Ainda no século XIX surgiu a discussão em torno da natureza dos fenómenos históricos. A que espécie de preponderância estariam ligados? Aos agentes de ordem ideológica ou aos de ordem material?
  • Concepção Idealista - Teve em Georg Wilhelm Friedrich Hegel, autor de "Fenomenologia do Espírito", seu principal embasamento teórico. Defende que os factos históricos são produto do instinto de evolução inato do homem, disciplinado pela razão. Desse modo, os acontecimentos são primordialmente regidos por ideias, isto é, as ideias são responsáveis pela criação da realidade. Em qualquer ocorrência de ordem económica, política, intelectual ou religiosa, deve-se observar em primeiro plano o papel desempenhado pela ideia como geradora da realidade. Para os defensores dessa corrente, toda a evolução construtiva da humanidade tem razão idealista.
  • Concepção Materialista - Surgiu em oposição à concepção idealista, embora adotando o mesmo método dialético. Esta concepção  nasce da junção da filosofia hegeliana- dialética, da economia politica inglesa- teoria do valor do trabalho, de Adam Smith e do socialismo utópico francês. A partir da publicação do Manifesto Comunista de 1848, Karl Marx e Friedrich Engels lançam as bases do Materialismo Histórico, onde argumentavam que as transformações que a História viveu e viverá foram e serão determinadas pelo fator económico e pelas condições de vida material dominantes na sociedade a que estejam ligadas. A preocupação primeira do homem não são os problemas de ordem espiritual, mas os meios essenciais de vida: alimentação, habitação, vestimenta e instrumentos de produção. No prefácio de "Crítica da Economia Política", Karl Marx escreveu: "As causas de todas as mudanças sociais e de todas as revoluções políticas, não as devemos procurar na cabeça dos homens, em seu entendimento progressivo da verdade e da justiça eternas, mas na vida material da sociedade, no encaminhamento da produção e das trocas". Para Karl Marx a instância económica determina em ultima instância a Historia Social.
Pra mim, seja na concepção idealista ou na materialista, a historia não é determinada só por ideias ou só pelo modo de produção. Depende ainda, e creio que é o que complementa tais abordagens,além da ideologia ou modos de produção, das condições sociais e culturais. Como diz Thompson "Sem produção não há historia. Sem cultura não há produção.", então não temos e nem podemos dissociar modos de produção, em termo económico, de cultura.





Referencia



THOMPSON, E. P. Folclore, antropologia e historia social. In: As peculiaridades dos ingleses e outros artigos. Campinas: Ed. Unicamp, 2001.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%c3%b3ria Acessado em 07/05/2011

domingo, 3 de abril de 2011

biografia

No ano de 1991 ocorreu varios acontecimentos que marcaram este ano, tais como: Guerra do Golfo; tomam posse Júnia Marise e Marluce Pinto como as primeiras senadoras brasileiras eleitas no país; Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai assinam o Tratado de Assunção, que estabelece o Mercosul ; dissolução do Pacto de Varsóvia; a URSS deixa de existir. Vejam todos os acontecimentos  no seuinte link http://pt.wikipedia.org/wiki/1991 . Em agosto dete mesmo ano nasce Geovanne, na cidade de Santos Dumont, e pernmanece por lá até completar 1 ano de idade. Veio pra Juiz de fora, e residiu aqui até os 6 anos. Mudou-se novamente, para Petropolis, RJ, morou lá por 5 anos. Mudou-se pra uma cidade do interior, Ewbank da Camara, permaneceu lá até os seus 17, quando resolveu fazer o vestibular e se ingressar na vida universitaria. Como se fosse uma vida ciclica, voltou pra Juiz de fora, e peramanece até hoje.
Na universidade-UFJF- fez quase 2 anos de Pedagogia, mas não continuou no curso, e mudou-se pra Historia.