FLORENZANO, Modesto. Revolução Inglesa (1640-1660) In: As Revoluções Burguesas. São Paulo: Brasiliense, 1981
O autor inicia o seu texto nos relembrando que quando falamos de Revolução inglesa, logo nos vem à memória a Grande Rebelião, Revolução Puritana, Guerra Civil, Republica de Cromwell e a restauração. E depois vai esmiuçando cada uma destas, mas antes de vê-las, vamos ver o contexto no qual a Inglaterra estava inserida.
Pois bem, a Inglaterra nos séculos XV e XVI enfrenta algumas transformações em sua economia, pois passa a ter a maior industria têxtil da Europa, que tinha um sistema de produção doméstico(onde já existia uma divisão do trabalho e o capital dominava a produção) e a produzir muito carvão, tendo sua industria naval e comercio marítimo inferiores só para a da Holanda. No campo, o desenvolvimento, seguindo o sentido capitalista, ia de vento em polpa, estimulado pelo comercio de lã e criação de mercado para produtos agrícolas. Como ressalta o autor, se antes o comercio era a única atividade capitalista, a indústria e agricultura passariam a ser também, pois a primeira deixa de ser artesanal e a segunda deixa de ser de subsistência dando lugar a uma agricultura comercial. Em suma, o capitalismo se origina da própria base feudal, a partir da expansão do mercado interno e da divisão do trabalho.
Com estas transformações econômicas, temos como resultado, transformações na vida social que estavam diretamente ligadas com a posse ou não de terras, que segundo Polanyi é uma mercadoria fictícia, pois seu uso não era pra ser capitalizado. Com as mudanças econômicas acompanhadas da inflação, teve-se redistribuição de renda de uma classe a outra e mobilidade social (a terra saiu da posse da aristocracia e passou para a nobreza rural [gentry], e da mão dos arrendatários para os camponeses [yeomen]). Isto é, houve um deslocamento das riquezas da Igreja e Coroa para as mãos da classe média e alta. No topo hierárquico, estava a aristocracia, abaixo deles estava a gentry, abaixo dela estavam os yeomens, e na base estavam os “camponeses” menos prósperos.
Com estas transformações econômicas, temos como resultado, transformações na vida social que estavam diretamente ligadas com a posse ou não de terras, que segundo Polanyi é uma mercadoria fictícia, pois seu uso não era pra ser capitalizado. Com as mudanças econômicas acompanhadas da inflação, teve-se redistribuição de renda de uma classe a outra e mobilidade social (a terra saiu da posse da aristocracia e passou para a nobreza rural [gentry], e da mão dos arrendatários para os camponeses [yeomen]). Isto é, houve um deslocamento das riquezas da Igreja e Coroa para as mãos da classe média e alta. No topo hierárquico, estava a aristocracia, abaixo deles estava a gentry, abaixo dela estavam os yeomens, e na base estavam os “camponeses” menos prósperos.
Terminando assim minha exposição do contexto do qual a Inglaterra se inseria, descreverei um pouco das grandes alusões que nos indicam à Revolução Inglesa. Iniciarei pela Grande Rebelião (1640-1642) que foi uma revolta parlamentar contra o absolutismo depois de variadas disputas pelo poder. Esta rebelião teve suas origens, pois a Dinastia Stuart recebe um Estado que havia acompanhado o processo de centralização e fortalecimento do poder monárquico, mas fracassou na concretização deste, pois não tinha um exercito permanente (pois não era necessário uma maquina militar e custava muito ao Estado), autonomia financeira (vendia os bens da coroa, arranjava empréstimos com o parlamento, vendia monopólios de comercio e indústria) e burocracia. Mas, Jaime I, tentou estabelecer uma monarquia absolutista. Mas fracassou, pois teve vários enfrentamentos com o parlamento e causou assim descontentamento entre a gentry e a burguesia urbana. Quando Carlos I assume, rondava três bases intelectuais (o puritanismo, que como Weber descreve seria o desenvolvedor do capitalismo; direito comum ou direito consuetudinário, pois não teve o direito romano, que regulava as relações jurídicas entre a nobreza e o camponês; e a ideologia do país, que dizia que o país era virtuoso, defensor dos velhos hábitos e liberdades, país puritano, corte inclinada ao papismo), o que dificultaria a instalação de um poder absoluto. No entanto, em 1629 ele dissolve o parlamento com base em uma política global de onze anos, procurou criar instrumentos monárquicos para dominação das forças econômicas, sociais e religiosas. Resultado, todas as forças de oposição se unirão contra o ele. Com a convocação do Longo parlamento, em 1640, a iniciativa política centrava-se na Câmara dos Comuns e eles queriam a soberania política. O parlamento se divide e Carlos I contra-ataca, mas os lideres fogem. Com este insucesso e tendo perdido Londres para eles, Carlos I vai para o Norte e lá se prepara para a guerra civil.
Passarei agora para a Guerra Civil (1642-1648), que designa o confronto entre o parlamento e o rei que terminou em confronto militar. Sob a ótica religiosa, os anglicanos e católicos apoiaram o rei, e os presbiterianos e radicais ficaram do lado do parlamento. Já sob a ótica social isto não é tão nítido, pois as três classes (aristocracia, gentry e burguesia) eram dominantes, e a classe explorada ficou fora do conflito ou do lado do parlamento. O que quero dizer, é que nenhuma classe teria se colocado por inteiro de um lado ou outro. Do lado do rei estavam os realistas (cavaleiros) e do lado das forças parlamentares estavam os independentes (puritanos radicais, partidários da guerra até a vitória; representavam a gentry, yeomen e burguesia manufatureira) e os presbiterianos (puritanos moderados, conservadores e realistas constitucionais, partidários da paz. Representavam a burguesia urbana e aristocracia rural). Para enfrentar as forças realistas, os presbiterianos e independentes se aliaram com os exercito escocês, com um desempenho espetacular da cavalaria dos independentes liderada por Cromwell, que tinha estrutura democrática e revolucionaria, derrotando o exercito realista em 1645.
A República de Cromwell (1649-1658) indica o resultado do processo, que ancorado na criação de um exercito revolucionário e dos ideais políticos dos Niveladores, terminou com a execução do rei, acabando com a monarquia, e proclamação da república em maio de1649. O governo de Cromwell foi importante pelas suas realizações internas (exterminou as relações feudais, permitindo o desenvolvimento do capitalismo) e externas (consolidou sua posição de potencia marítima e imperialista). A república, no entanto não consegue ficar por muito tempo, pois representava somente o poderio militar e precisava assim do apoio parlamentar.
A Restauração (1660) indica por sua vez, o termino e limites da revolução. Representou de fato, o parlamento como soberano político, que representava os interesses das classes proprietárias e o rei estava privado de todos os instrumentos do poder absoluto. Ficou explicito que os grandes derrotados da revolução foram o movimento democrático e o movimento puritano, explicando-se assim a volta do anglicanismo, que se separou do Estado.
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