Nas aulas de História não se ensinam a ler, somente se usam da
leitura. Quando os alunos trabalham com textos, a leitura que fazem
deles, é para aquisição de informações. Assim, a leitura não é
considerada como uma ferramenta de trabalho para a construção do
conhecimento histórico; só oferece elementos para ele. Os
historiadores consideram que o conhecimento histórico se constrói
a partir da leitura e concebem os textos de livros como “a
ferramenta mais importante no ensino da história” cuja finalidade
é “tornar possível, impulsionar e favorecer a aprendizagem da
historia”.
No seu texto, a autora Beatriz, tenta desenvolver uma análise de
entrevistas de leitura querendo esboçar como os alunos ao lerem um
texto histórico, tendem a estabelecer as relações entre a leitura
e as operações necessárias para a construção do conhecimento
histórico. Para isto, ela privilegia um aspecto do processo de
leitura: as relações entre os conhecimentos prévios do leitor
sobre o tema e a informação explícita do texto, tomando como marco
referencial os processos de assimilação na construção do
conhecimento.
Foram realizadas dez entrevistas a quatorze alunos voluntários de
três escolas públicas da Cidade de Buenos Aires. As entrevistas se
iniciaram com a apresentação de seu propósito e depois, os
pesquisadores pediram as crianças que lessem o texto levando o tempo
que necessitavam para lê-lo. Ao terminarem tal leitura silenciosa,
se fez perguntas abertas para que as crianças comentassem o texto.
Num primeiro momento, pode-se afirmar que as crianças estabelecem
uma relação causal ausente no texto entre informações
explicitadas, isto é, conseguem articular de forma coerente algumas
informações do texto com conhecimentos prévios e anteriores,
mostrando um trabalho intelectual que vai muito mais além de extrair
do texto as informações. Ou seja, o leitor é capaz de aprender e
compreender o texto se sua leitura está ligada ao que ele conhece e
crê antes da leitura. Enfim, os conhecimentos prévios são, para a
autora, ferramentas intelectuais que permite pensar e integrar as
informações. Portanto, a leitura requer a construção do
conhecimento histórico pela busca das explicações levando em
consideração a perspectivas dos sujeitos da História. Assim, de
acordo com Beatriz, se trata, de um trabalho compatível com a
construção do conhecimento histórico, sendo o estabelecimento de
articulações entre os eixos um dos trabalhos mais ricos dos
historiadores.
Nas entrevistas também fica claro que os alunos com maior
conhecimento histórico alcançam melhores interpretações e tem
mais facilidade para compreender o texto e participarem mais da aula
inclusive tento a capacidade de questionar mais, por saberem mais.
Assim, quando os entrevistadores pediram as crianças com menos
conhecimentos informações sobre o texto, elas localizavam
rapidamente a oração e respondiam acertadamente as perguntas, mas
ficavam restritas ao texto. Contudo, para a autora, os alunos de
forma igual na busca de significados, estabeleciam relações que
lhes permitiam alcançar uma trama coerente, e, em determinadas
situações, eles procuravam suprir suas lacunas de conhecimento
inventando conexões entre as informações do texto para construirem
uma trama que lhes resultassem como válidos.
De acordo com a entrevista, Beatriz diz que devido as análises
apresentadas podem sintetizar que a relação entre a leitura e a
aprendizagem da história se estabelece quando a leitura constrói
significados na interação entre o leitor e o texto. Contudo, só é
possível construir significados quando deslocamos conhecimentos
compatíveis com algumas operações necessárias para a construção
do conhecimento histórico: criar e recriar representações sobre os
eixos, relacioná-los e explicar como estaão conectados numa trama
consistente que dê conta dos “por que” dos eixos e da
intencionalidade dos sujeitos, reorganizando o conhecimento anterior
e incorporar nele um novo conhecimento. Enfim, segundo Beatriz, em
certas condições, ler história é aprender historia, pois a idéia
de que “lendo se aprende” não parece suficiente para
caracterizar a leitura de textos históricos. A autora também
distingue a análises das leituras das entrevistas da leitura em sala
de aula, dizendo que está constitui uma própria modalidade de
leitura. Por isto, ela acha necessário que se pense numa modalidade
de leitura compatível com a construção do conhecimento histórico.
Assim parece que os alunos que mais ajuda necessitam para aprender
Historia muitas vezes são os que menos proveito podem ter das
explicações e diálogos coletivos.
Beatriz também ressalva que esta análise realizada questiona a
idéia vigente de que formar leitores autónomos é sinónimo de
deixar os alunos lerem sozinhos. Para ela, o pensamento é ao
contrario, já que acredita que para se iniciar os alunos numa
formação progressiva como leitores autónomos em Historia seja
preciso um intenso acompanhamento dos professores. Por isto ela
propõe que para uma leitura para a aprendizagem da Historia se tenha
um equilíbrio entre o espaço necessário para que os alunos assumam
o desafio de ler; entre as intervenções do professor para ajudar
aos alunos a alcançarem interpretações mais corretas sobre os
textos e entre as informações necessárias que não estão no texto
mas que são indispensáveis para compreendê-lo.
No texto de Ivo, ele considera o texto como algo central para a
História, porque é dele que depende a qualidade do que
compreendemos e aprendemos sobre historia. Para ele, a investigação
histórica supõe que se remeta ao texto histórico e tal texto
adquire uma relevância epistemológica dentro da investigação já
que as interpretações historiográficas se baseiam nos textos que
são o ponto de referencia para aceitar ou rejeitar a reconstrução
ou a explicação de um acontecimento histórico.
Quanto ao ensino de história, Ivo diz que podemos constatar que o
texto histórico influencia nos conhecimentos do professor e
influencia também na valorização da aprendizagem ao converter-se
numa unidade de medida do que aprende os alunos. Assim, se fizermos
referência a aprendizagem, tal processo se produz através da
leitura de textos e do trabalho incessante sobre os mesmos. Assim,
segundo tal autor, do texto se procede os conhecimentos adquiridos
para os alunos. Enfim, o texto é um instrumento regulador e mediador
entre a didática e a organização dos processos de aprendizagem. E
esta, é a premissa que legitima e sustenta a finalidade de se
ensinar a escrever na história.
Ivo ressalva de que ensinar história, ensinar a aprender
conhecimentos históricos e ensinar a escrever sobre a história são
três atividades didáticas coordenadas que se desempenham com
eficácia se levarmos em conta as estruturas de um texto histórico
que tem como objetivo construir o conhecimento de um eixo do passado
individualizado como objeto de reconstrução e de análise de
interpretações por parte do historiador a partir de uma
retrospectiva do presente.
Depois, Ivo irá descrever as estruturas do texto histórico como a
tematização do eixo que necessita de um nome e de atribuições de
significados a tal seleção numa articulação temática da
informação que ajudam ao aluno a entender que tema vão estudar,
que significado lhe quer transmitir para que ele vá formando uma
competência critica. Falará da reconstrução que se configura
conforme uma espécie de matriz mental que tem um inicio,
desenvolvimento e conclusão que levam o leitor a se situar nos
blocos textuais. Também falará da problematização e explicação
onde citará a relação explicativa dos eixos que são sempre
hipotéticas e estão sempre submetidas a continuas revisões.
O autor falará ainda dos blocos textuais, funções cognitivas e
estrutura da composição do texto sabendo que este funciona
comunicativamente se o leitor põe em funcionamento sua estrutura
operativa, no qual supõe um desafio para ele, já que lhe obriga a
refinar suas competências cognitivas, então cada um dos blocos
textuais cumprem as funções de construir o conhecimento do leitor
já que os textos históricos estão compostos por uma variedade
muito mais ampla de elementos informativos e de uma grande
quantidade de elementos que retira o historiador, que não são
informações puras e que ajudam a entender o eixo.
Tratará também das conceituações que parecem desempenhar um
papel estratégico na construção do conhecimento por não se poder
narrar, descrever estruturas, ou expor processo sem a utilização de
conceitos históricos que ajudem a compreender o passado, assim, para
o autor, os conceitos históricos são instrumentos singulares: por
um lado, permitem a compreensão de porque possuem múltiplos e, por
outro lado são continuas fontes de mal-entendidos, portanto, se faz
necessário que se ensine aos alunos a analisar-los. Também para
Fernando, o aprendizado de conceitos são ferramentas para entender o
mundo.
E ainda também falará da estrutura da conexão já que nos blocos
textuais, as informações se relacionam tematicamente com a
finalidade de formar grupos de eixos coerentes que permitam construir
um conhecimento global; temporalmente com a finalidade de dar
consistência a operação historiográfica envolvendo a compreensão
da sucessão, contemporaneidade e dando significados a duração e a
segmentação dos eixos em períodos, ciclos e conjunturas, e
espacialmente, determinando a escala de observação e de
representação dos eixos, em sua localização e no seu significado.
Citará também a compreensão do texto e a estruturação do tipo
histórico em que o professor deve pensar em ensinar ao aluno a
desestruturar o texto para poder codificá-lo de outro modo e
reestruturá-lo se os professores preparem condições adequadas.
Ivo ressalva que ao trabalhar os textos seguindo as práticas de
desestruturar e reestruturá-los, os estudantes então poderão
passar a elaborar textos escritos. Pois ele entende que um texto se
constrói com a finalidade de se construir mapas de conhecimento na
mente do leitor, e que tais mapas, reduzem e selecionam os elementos
representativos. Assim, para que um mapa de conhecimento seja
apropriado para um trabalho de reescrita, é necessário suportes.
Enfim, para tal autor, se queremos que os alunos entendam os textos
de historia, primeiro terão que aprender a analisar os textos;
depois descodificar a estrutura dos blocos textuais, e, por fim,
terão que aprender a trabalhar antes de tudo em textos curtos e
homogéneos que tratem só de um eixo histórico.
Já no texto de Fernando, ele continuará a tratar das questões
relacionadas a importância das atividades de leitura e escrita na
aula de História, por não conseguir imaginá-la sem a escrita e a
leitura. Ele objetiva fazer uma formação dos alunos para eles serem
capazes de realizar uma leitura densa e crítica do mundo. No seu texto em um primeiro momento ele traçará vínculos de
leitura e escrita com a história através da identidade, memória e
da historicidade das práticas leitoras. Nesta parte ele afirma que
saber ler e escrever significa estar alfabetizado, mas que estar
alfabetizado não significa que o aluno integre a leitura e a escrita
no seu modo de pensar e estar no mundo. Ele relata que as práticas
de leitura não são mais extensivas, são mais utilitárias e menos
literárias, e que temos dificuldade na leitura contínua e intensiva
pois a leitura ainda não se constitui para a maioria como fonte de
conhecimento sobre o mundo. Assim, quando as pessoas desenvolvem uma
competência para a leitura, ela contribui para a formação de um
cidadão mais pleno, e nesse caso, ler um texto histórico seria
discutir suas raízes, seu local de enunciação, seu projeto, etc.
Enfim, a leitura irá propiciar a aquisição de um vocabulário
histórico específico configurando o aprendizado de conceitos que
são ferramentas para entender o mundo.
Por fim, o autor, enfocará a sala de aula através de duas
questões: “o que se espera que o aluno leia em história?”, e “o
que se espera que um aluno escreva em história?”. Quanto a
primeira questão, Fernando concordando com Ivo, dirá que o
professor deverá organizar atividades em sala de aula levando o
aluno a ler documentação histórica diversa, desde o livro didático
até os escritos clássicos, porém, salientando os procedimentos
usados pelos seus autores. Quanto a segunda, o autor considera que a
leitura e a escrita de textos históricos devem levar em conta a
necessidade de explicitação e utilização de conceitos. Cabe-nos
uma pergunta: quais as condições necessárias para que se
desenvolva a competência de escrever sobre a historia? Segundo Ivo,
é necessário que: se veja o texto histórico como ferramenta de
mediação didática; se induza aos alunos a considerar a historia
como uma assinatura oral e textual; que se trabalhe com vários tipos
de textos; que os professores levem em conta as competências da
escritura do tipo histórico pelos alunos ao produzirem os seus
textos, e, que os próprios professores provem a escrever sobre a
historia. Se considerarmos que ler é compreender o mundo, escrever
seria intervir na sua modificação, ou seja, seria o aluno se
posicionar frente à discussão. Fernando, ressalta que não podemos
permitir que as atividades de leitura e de escrita na história virem
burocracia e decoreba. Para ele, nós devemos lutar para que o aluno
construa uma postura crítica e filosófica frente aos textos. E
salienta que o que o aluno escreve não pode ficar restrito entre ele
e o professor, mas deverá ser ampliado para os outros alunos e pelo
colégio. Assim, ao se ampliar a circulação de tal texto,
aumenta-se a vontade e o interesse de se escrever, e contribui para
qualificar a argumentação e ponto de vista do aluno na medida em
que ele terá contato com outros textos.
Antes de concluir, queria ressaltar uma fala da Beatriz quanto a
leitura crítica, que para ela “quando alguém começa a ler e
reconstruir, já está indo pelo caminho crítico. Não há leitura
que não seja crítica, principalmente quando se trabalha a
reconstrução do mundo histórico do texto”. Vale ressalvar
também, o que Paulo Freire disse quanto ao assunto da leitura
crítica. Segundo este autor, a leitura crítica implica que o leitor
se assuma como sujeito inteligente e desvelador do texto. Nesse
sentido, o leitor crítico seria aquele que “reescreve” o que
lê, aquele que "recria” o assunto da leitura em função dos
seus próprios critérios. Já o leitor não-crítico funcionaria
como um repetidor paciente e dócil do que 1ê, não havendo assim
uma apreensão do significado do texto mas uma espécie de
justaposição, de colagem, de aderência. Assim, para o autor,
pode-se ter um texto crítico com uma leitura ingênua e um texto
ingênuo com uma leitura crítica, que reescreve e supera a
ingenuidade do texto. Essa superação só é possível pela leitura
crítica que é aquela que fundamentalmente sabe situar num contexto
o que está sendo lido.
Portanto, há um desafio quanto a leitura. Contudo, sabemos que o
conhecimento histórico pode se apoiar na leitura de outros textos de
outras áreas já que todo texto é datado e vinculado a determinada
visão de mundo ou conjuntura. E também já sabemos que para
escrever um texto histórico, é necessário dominar uma pluralidade
de conhecimentos para organizá-los em una rede de informações,
nexos e conceitos, e, para se ensinar a escrever sobre a história,
faz-se necessário a seleção de melhores textos de boa qualidade
como ponto de partida.
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