Segundo Rainer Sousa, no final do século XIX, com políticas
articuladas, os Estados Unidos apoiaram a descolonização dos países
vizinhos para tê-los como aliados e para atingir seus interesses
políticos e econômicos. Com Cuba não foi diferente. Em 1898, José
Martí liderou um processo de independência da ilha, que ainda
estava sendo domínio da Espanha. Por perceberem que a ilha era uma
possibilidade de expansão do seu comércio, os EUA apoiou os cubanos
na luta contra os espanhóis. Os EUA vencem e antes de elaborar uma
Constituição cubana, ele elabora a Emenda Platt para garantir que a
ilha estaria sob seu controle total, com o argumento de que, desta
forma, Cuba estaria ‘protegida’ das invasões europeias. A Emenda
Platt foi criada pelo senador estadunidense Orville H. Platt, que a
apresentou ao Congresso dos EUA, e em 12 de junho de 1901 seria
aprovada, pela maioria, como um apêndice constitucional. A Emenda
Platt perdurou até 1933, pois em 1934 o soldado e ditador Fulgêncio
Baptista assumi o governo
e a substitui por um acordo comercial.
A emenda¹,
de forma geral, definia que as relações dos Estados Unidos com
Cuba, seria da seguinte maneira:
I. Que o governo de Cuba nunca entraria em qualquer tratado ou outro
pacto com qualquer potência estrangeira ou poderes que, irá
prejudicar ou tendem a prejudicar, a independência de Cuba.
II. O governo não assumirá ou contrairá qualquer dívida pública,
para pagar juros, e prevê fundo razoável para a descarga final
das receitas ordinárias da ilha, depois de custear as despesas
correntes do governo.
III. O governo de Cuba consente que os Estados Unidos possa exercer o
direito de intervir para a preservação da independência cubana, a
manutenção de um governo adequado à proteção da vida,
propriedade e liberdade individual, e para cumprimento das obrigações
impostas pelos EUA a Cuba.
IV. Todos os atos dos Estados Unidos em Cuba durante a ocupação
militar do mesmo são ratificados e validados, e todos os direitos
legais adquiridos ao seu abrigo deve ser mantida e protegida.
V. O governo de Cuba irá executar, e, na medida do necessário,
estender os planos já elaborados ou outros a ser mutuamente
acordados, para o saneamento das cidades da ilha, a fim de que a
recorrência de uma epidemia e doenças infecciosas possam ser
evitadas, assegurando proteção às pessoas e comércio de Cuba, bem
como para o comércio dos portos do sul dos Estados Unidos e as
pessoas ali residentes.
VI. A
Ilha dos Pinos fica fora dos limites de Cuba propostos pela
Constituição, deixando-se para um futuro tratado a fixação da sua
presença.
VII. Para permitir que os Estados Unidos mantenham a independência
de Cuba, e para proteger seu povo, bem como para a sua defesa, o
governo de Cuba venderá ou arrendará aos Estados Unidos as terras
necessárias para estabelecer carvoeiras ou estações navais em
certos pontos específicos , a ser acordado com o presidente dos
Estados Unidos.
VIII. Por meio de garantia adicional ao governo de Cuba inserirá as
disposições anteriores num tratado permanente com os Estados
Unidos.
Em suma, esta emenda era
um dispositivo constitucional, portanto legal, assinado pelo Senado
norte-americano para garantir que os Estados Unidos pudessem intervir
política e militarmente em Cuba quando os seus interesses econômicos
e políticos estivessem ameaçados (como em 1906, 1912, 1917 e 1920
). Além de oficializar o poder de interferência, a Emenda Platt
ofereceu aos norte-americanos uma área de 117 quilômetros quadrados
para a construção de uma base militar na baía de Guantánamo que
ao longo do tempo serviu de prisão para vários terroristas e
líderes políticos que ameaçaram a hegemonia política dos Estados
Unidos. Enfim, esta emenda exemplifica a aplicação da chamada
Política do Big Stick, na qual o exercito podia usar a força para
resolver problemas num dos Estados, formulada pelo Presidente
Theodore Roosevelt.
Nenhum comentário:
Postar um comentário